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A VERDADE SOBRE MALDIÇÃO HEREDITÁRIA
Pastor
Paulo Romeiro
O EVANGELHO DA MALDIÇÃO
Uma das distorções doutrinárias mais
difundidas entre o povo de Deus ultimamente é o ensino das “maldições
hereditárias”, conhecido também como “maldição de família ou “pecado de
geração." Estes conceitos circulam bastante através da televisão,
rádio, literatura e seminários nas igrejas. Muitos líderes, ministérios
e igrejas, antes sólidos e confiáveis, acabaram sucumbindo a mais esse
ensino controvertido e importado dos Estados Unidos.
Os
pregadores da maldição afirmam que se alguém tem algum problema
relacionado com alcoolismo, pornografia, depressão, adultério,
nervosismo, divórcio, diabete, câncer e muitos outros, é porque algum
antepassado viveu aquela situação ou praticou aquele pecado e
transmitiu tal pecado ou maldição a um descendente. A pessoa deve então
orar a Deus a fim de que lhe seja revelado qual é a geração no passado
que o está afetando. Uma vez que se saiba qual, pede-se perdão por
aquele antepassado ou pela geração revelada e o problema estará
resolvido, isto é, estará desfeita a maldição.
Marilyn
Hickey, autora norte-americana e que já esteve várias vezes no Brasil
em conferências da Adhonep (Associação de Homens de Negócios do
Evangelho Pleno), promove constantemente este ensino. Note suas
palavras: “Se você ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo,
sua família poderá estar sob a “Maldição Hereditária”, e esta se
transmitirá a seus filhos. Não permita que sua descendência seja atingida
pelo diabo através das maldições de geração. Os pecados dos pais podem
passar de uma a outra geração, e assim consecutivamente. Há na sua
família casos de câncer, pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do
coração, perturbações mentais e emocionais, abusos sexuais, obesidade,
adultério’? Estas são algumas das características que fazem parte da
maldição hereditária nas famílias. Contudo, elas podem ser quebradas!”.
Um
dos textos bíblicos mais usados pelos pregadores da maldição
hereditária para defender este ensino é Êxodo 20:4-6: “Não farás
para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima
nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as
adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR teu Deus, Deus
zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e
quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil
gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”.
É preciso que se leve em consideração o assunto do texto aqui citado. De
que trata, afinal, tal passagem? Alcoolismo, pornografia, depressão, ou
problemas do gênero? É óbvio que não. O texto fala de idolatria e não
oferece qualquer base para alguém afirmar que herdamos maldições
espirituais de nossos antepassados em qualquer área das dificuldades
humanas.
A narrativa do Antigo Testamento nos informa que sempre que a nação de
Israel esteve num relacionamento de amor com Deus, ela não podia ser
amaldiçoada. Vemos a prova disso em Números 23:7, 8, quando Balaque
pediu a Balaão que amaldiçoasse a Israel. A resposta de Balaão aparece
no versículo 23: “Pois contra Jacó não vale encantamento, nem
adivinhação contra Israel”. Por outro lado, sempre que a nação
quebrou a aliança de amor com Deus, ela ficou exposta a maldição,
calamidades e cativeiro.
É verdade que os filhos que repetem os pecados de seus pais têm toda a
possibilidade de colher o que seus pais colheram. Os pais que vivem no
alcoolismo têm grande possibilidade de ter filhos alcoólatras. Os que
vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios, estão estabelecendo um
padrão de comportamento que, com grande probabilidade, será seguido
por seus filhos, pois “aquilo que o homem semear, isso também
ceifará” (Gl 6:7). Isso poderá suceder até que uma geração se
arrependa, volte-se para Deus e entre num relacionamento de amor com
ele através de Jesus Cristo. Cessou aí toda a maldição. Não deve ser
esquecido também que o autor da maldição ou punição é Deus e que ela é
a manifestação da sua ira. Note que, no final do versículo 5 do
capítulo 20 de Êxodo, a Palavra de Deus declara que a maldição viria
apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se passa com o
cristão.
A
Bíblia ensina uma responsabilidade individual pelo pecado, como pode
ser observado no livro do profeta Ezequiel: “Veio
a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da
terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas
verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu
vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis
que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do
filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:1-4). Seria o mesmo que
afirmar nos dias atuais: os pais comeram chocolate e os dentes dos filhos
criaram cárie.
O
capítulo 18 de Ezequiel dá a entender que havia se tornado um costume
em Israel colocar a culpa dos fracassos pessoais nos antepassados ou em
outros. Isso faz lembrar o que aconteceu no jardim do Éden, quando, por
ocasião da Queda, o homem colocou a culpa na mulher e a mulher na
serpente. Parece ser próprio do ser humano não admitir seus erros,
buscando evasivas para não tratá-los de forma responsável à luz da
Palavra de Deus. Infelizmente, alguns acham mais fácil culpar os
antepassados do que enfrentar suas tentações.
O
ensino da maldição de família mais escraviza do que liberta. Até
crentes que há vários anos viviam alegres, evangelizando, servindo ao
Senhor e dando frutos, agora estão preocupados, deprimidos, pensando
que talvez as tentações, as dificuldades e lutas pelas quais estão
passando sejam de fato reflexo de pecados ou do comportamento dos seus
ancestrais. Não faz muito tempo, numa grande igreja pentecostal, um
diácono, que havia participado de um desses seminários para quebra de
maldições hereditárias, me procurou para aconselhamento. Tal irmão
encontrava-se confuso e deprimido com as informações que recebera e
queria saber o que a Bíblia tinha a dizer sobre tudo isso. Depois de
uns dez minutos de conversa, ele respirou aliviado. Temos encontrado e
ajudado a muitos outros em situações semelhantes pelos lugares por onde
passamos, em diferentes partes do Brasil.
Ora,
todo cristão é tentado, de uma forma ou de outra, uns mais, outros
menos. Se um cristão enfrenta problemas em relação à pornografia, ao
alcoolismo, ao adultério, à depressão ou a qualquer outro aspecto
ligado às tentações, os métodos para vencer tais lutas devem ser
bíblicos. O caminho para a vitória tem muito mais a ver com a doutrina
da santificação, com o cultivo da vida espiritual através da oração, do
jejum, da comunhão saudável numa determinada parte do Corpo de Cristo e
do contato constante com a Palavra de Deus. O ensino da quebra de
maldições hereditárias aparece como um atalho mágico e ilusório para substituir
a doutrina da santificação, que é um processo indispensável a ser
desenvolvido pelo Espírito Santo na vida do cristão, exigindo dele
autodisciplina e perseverança na fé.
DOENÇA
OU MALDIÇÃO?
Um outro aspecto incorreto desse ensino é
confundir as doenças transmitidas por herança genética com maldições
hereditárias espirituais. Isto pode ser observado nas declarações de
Marilyn Híckey: “Será que você já observou uma família na qual
todos os membros usam óculos? Desde o pai e a mãe até a criança menor,
todos estão usando óculos, e geralmente os do tipo de lentes grossas.
Essas pobres criaturas estão debaixo de uma maldição, e precisam ser
libertas”.
Não
se pode construir uma doutrina em cima de uma observação, experiência
ou somente porque uma família toda usa óculos! Existem muitas famílias
em que apenas um ou outro membro usa óculos. O que aconteceu? Por que
só alguns herdam a maldição e outros não? E se as doenças são maldições
transmitidas de pais para filhos através dos genes (geneticamente), por
que os pregadores dessa doutrina não quebram, por exemplo, a maldição
da calvície, transmitida geneticamente? Até hoje não há notícia de que
alguém tenha feito isso.
O
Senhor Jesus nunca ensinou tal doutrina. Quando perguntado sobre o cego
de nascença: “Mestre, quem pecou, este
ou seus pais, para que nascesse cego?”, ele respondeu: “Nem ele pecou,
nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9:2-3). Alguns usam este
texto para afirmar que os discípulos acreditavam na maldição de
família, procurando dar assim legitimidade a tal ensino. É preciso
lembrar que os discípulos nem sempre estiveram certos no período de
treinamento que passaram juntos a Jesus. Certa vez, em alto-mar, quando
Cristo se aproximava, eles pensaram ser ele um fantasma (Mt 14:26).
Felizmente, os discípulos estavam errados em suas conclusões, pois eram
humanos, sujeitos a erros. É óbvio que não erraram quando falaram e
escreveram inspirados pelo Espírito Santo. Quanto ao cego de nascença,
Jesus destruiu qualquer superstição ou crença que os discípulos
pudessem ter de que a cegueira fora provocada pelos pecados de seus
antepassados, e o próprio Jesus nunca ensinou tal doutrina.
Tal
ensino não encontrou espaço também nos escritos do apóstolo Paulo. Ao
contrário, quando escreveu aos coríntios pela segunda vez, declarou com
muita certeza: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura:
as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co
5:17). Aos efésios, ele afirma: “Bendito o Deus e pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção
espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Onde existe
espaço para maldições na vida de um cristão diante de uma declaração
como esta?
Paulo
não se deixou prender ao passado. Quando escreveu aos crentes de
Filipos, declarou: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo
alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás
ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o
alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”
(Fp. 3:13, 14).
É importante observar a sugestão do apóstolo Paulo a Timóteo, quando
lhe escreveu a primeira carta: “Não continues a beber somente água; usa
um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes
enfermidades” (1 Tm 5:23). Paulo nunca insinuou que a enfermidade
de Timóteo fosse uma maldição de seus antepassados, pois sabia que
Timóteo vivia numa natureza afetada pela desobediência dos primeiros
país (Adão e Eva). Apesar de o Reino de Deus estar entre nós, ele ainda
não chegou à sua plenitude, pois até a criação geme, aguardando ser
redimida do cativeiro da corrupção (Rm 8: 19-23). Paulo apenas sugeriu
que Timóteo tomasse um pouco de vinho como um remédio para suas
frequentes enfermidades estomacais e não que fizesse a quebra das
maldições hereditárias.
A
CONVERSÃO É A SOLUÇÃO
Ensinar que um cristão tem que romper com
maldições ou pactos dos antepassados pedindo perdão por eles é minimizar
o poder de Deus na conversão. Isso está mais para o espiritismo ou
mormonismo (com sua doutrina antibíblíca do batismo pelos mortos) do
que para o cristianismo. A Bíblia declara com muita ousadia: “Por
isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). O advérbio
“totalmente” (panteles, no grego) tem o sentido de pleno, completo e
para sempre. Jesus não salva em prestações, mas de uma vez por todas.
Marilyn
Híckey chega a afirmar que: “Você pode decidir quanto ao destino exato
da sua linhagem. Eles ou vão para Jesus, ou vão para o diabo”. Nada
poderia estar mais longe da verdade. Quantos filhos há que hoje vivem
uma vida cristã exemplar, são cheios do Espírito Santo, enquanto seus
pais permanecem alheios ao Evangelho, rejeitando constantemente a
palavra de salvação e até tentando dificultar-lhes a vida espiritual!
Comigo também foi assim. Ai de mim se fosse esperar meu pai decidir
sobre o meu futuro espiritual. Não sei onde estaria hoje.
É
claro que os pais têm grande influência na formação espiritual dos
filhos, mas o milagre da salvação é obra de Deus, e é pela graça que
somos salvos (Ef 2:8, 9). É o Espírito Santo, o Consolador, quem
convence o coração do pecado, da justiça e do juízo, como o próprio
Senhor Jesus disse (Jo 16:7, 8). Paulo relatou aos gálatas que foi Deus
quem lhe revelou seu Filho (Gl 1:15, 16). Assim, a salvação é uma
revelação de Jesus Cristo em nossos corações, e não algo decidido
somente pelos pais.
Observe
o que aconteceu com os filhos de Samuel, um profeta de Deus e um homem
íntegro, como pode ser observado em 1 Samuel 3:19 e 12:3. Apesar da
integridade do pai, a Bíblia diz que seus filhos não andaram pelos
caminhos dele: “antes se inclinaram à avareza, e aceitaram
subornos e perverteram o direito” (1 Sm 8:3).
Veja
os reis de Israel e Judá. A narrativa do Antigo Testamento revela que
muitos deles foram ímpios e tiveram filhos piedosos, enquanto outros
foram piedosos e tiveram filhos ímpios. Eis alguns exemplos:
Abias foi mau (1 Rs 15:3), mas seu filho
Asa “fez o que era reto perante o SENHOR” (1 Rs 15:11).
Jotão “fez o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs.15:34), porém
Acaz, seu filho, “não fez o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs
16:2).
Jeosafá agradou a Deus (2 Cr 17:1-4), enquanto Jeorão, seu filho, “fez
o que era mau perante o SENHOR” (2 Cr 2 1:6).
Assim, a sequencia de bondade ou maldade que deveria suceder na
linhagem dos reis de Israel e Judá, de acordo com o que ensinam os
pregadores da maldição de família simplesmente não aconteceu. A esses
exemplos certamente não se poderia aplicar o provérbio: “Tal pai... tal
filho”.
Inspirado
pelo Espírito Santo, Paulo escreveu aos irmãos de Corinto, na sua
primeira carta, uma palavra tremendamente elucidativa quanto a esta
questão: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de
Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem
efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes
alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas
fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do
nosso Deus” (1 Co 6:9-11; leia também Gl. 5:17-21).
Pode-se
notar que Paulo não afirmou no versículo onze: “Mas haveis
quebrado as maldições hereditárias, mas haveis pedido perdão pelos
pecados dos antepassados” ou algo similar. Não, de modo algum, este
não é o seu pensamento. Paulo afirma que aqueles que estiveram presos
nos pecados haviam sido lavados, haviam sido santificados e
justificados, sem qualquer necessidade de quebrar maldições dos
antepassados.
Cabem
aqui algumas perguntas: Qual é a maior das maldições? Sem dúvida é
estar fora de Cristo. Qual a maior das bênçãos? Certamente é o estar em
Cristo. Como se elimina a maior das maldições? Introduzindo a maior das
bênçãos.
Os
pregadores da maldição hereditária não deveriam pedir perdão pelos
pecados da décima, nona, oitava ou de qualquer outra geração, mas
deveriam, sim, pedir perdão pelos pecados de Adão e Eva, pois se houve
brecha, foi ali, na queda do jardim do Éden, onde as maldições tiveram
início. Ali está a raiz do problema. Isso, sim, seria um trabalho perfeito
e completo. O leitor já imaginou se funcionasse? De repente, ninguém
mais precisaria trabalhar para ganhar o pão, a mulher não sofreria mais
ao dar à luz e os espinhos desapareceriam da Terra. É claro que não
funciona, pois tal ensino não tem base na Palavra de Deus.
TEXTOS
MAL INTERPRETADOS
Espíritos Familiares
Para defender o ensino da maldição
hereditária, seus pregadores usam a expressão “espíritos familiares”,
tradução de Levítico 19:31 e de outras passagens na Bíblia em inglês do
Rei Tiago (King James Version). Observe o comentário de Marilyn Hickey
quanto a isso: O que são “espíritos familiares”? São maus
espíritos decaídos que se tornaram familiares numa família. Eles a
seguem, com suas fraquezas — pecado físico, mental, emocional — por
todo caminho, atacando e tentando cada membro seu naqueles aspectos,
pois estão cientes de suas inclinações. “Marilyn, como é que você sabe
disso?” Porque o Antigo Testamento fala acerca dos “espíritos
familiares” (Versão King James).
Usando o mesmo argumento, um certo autor comenta: Nas traduções em
português, usamos as palavras necromantes, adivinhadores e feiticeiros.
Mas em inglês usa-se o termo espíritos “familiares” e é esta a base
bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação,
necromancia e feitiçaria passam de geração em geração. Há um acompanhamento,
por parte destes demônios, sobre as famílias. E eles transmitem os
mesmos vícios, comportamentos e atitudes de que temos falado.
Defender
um ensino controvertido com base na tradução de uma Bíblia em inglês
(Versão do Rei Tiago) é algo inaceitável à luz da hermenêutica e da
exegese bíblica. É preciso ter em mente que a Bíblia Sagrada não foi
escrita em inglês. Para se entender o texto bíblico, é necessário que
se faça a tradução e interpretação com base na língua em que ele foi
escrito. No caso do Antigo Testamento, o hebraico, e não o inglês. Ao
afirmar: “Mas em inglês se usa o termo espíritos familiares, e é esta a
base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de
adivinhação, necromancia e feitiçaria passam de geração em geração”, o
autor demonstra exatamente o contrário: não ter base bíblica para tal
ensino.
Robert L.Alden, Ph.D., professor do Velho Testamento no Seminário
Teológico Batista Conservador de Denver, Estado do Cobrado, nos Estados
Unidos, esclarece: a palavra 'ob aparentemente se refere àqueles
que consultavam os espíritos, pois 1 Samuel 28 descreve alguém assim em
ação. A famosa “feiticeira” de Endor é uma ‘ob. Ao povo de Deus foi
ordenado ficar longe de tais ocultistas (Levítico 19:31). A punição por
se envolver com tais “médiuns” era morte por apedrejamento (Levítico
20:27). Naturalmente ‘ob é incluída na lista de abominações semelhantes
em Deuteronômio 18:10,11. Todas essas ocupações têm a ver com o
ocultismo. Isaías desconsidera estes “necromantes” e sugere, pela sua
escolha de palavras, que os sons dos espíritos assim emitidos não são
nada mais do que ventriloquismo: “os necromantes e os adivinhos que
chilreiam e murmuram” (Isaías 8:19).
É
importante observar ainda que a Septuaginta (a versão grega do Antigo
Testamento) emprega o termo eggastrímithoi (ventríloquo) para traduzir
a palavra ‘ob de Levítico 19:31. A Bíblia informa em 1 Samuel 28:3 que
Saul havia banido de Israel os adivinhos e os encantadores e não os
espíritos familiares. Assim, a palavra hebraica ‘ob significa o “vaso”
ou instrumento dos espíritos, portanto o médium ou necromante, conforme
aparece na maioria das traduções da Bíblia, não oferecendo tal vocábulo
base para quebra de maldições hereditárias na vida do cristão.
A
crença de que a violência é provocada por espíritos familiares também
não tem base bíblica. O apóstolo Paulo foi um homem violento. A Bíblia
diz que “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas, e,
arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (At 8:3). O
apóstolo João, antes de se tornar o discípulo do amor, não hesitava em
dar vazão à sua ira. Certa vez ele chegou a desejar que caísse fogo do
céu para consumir os samaritanos que se recusaram a receber Jesus (Lc
9:52-54). Como abandonou Paulo sua violência e João deixou de ter um
espírito ou temperamento vingativo? Sem dúvida, através da conversão e
do viver com Cristo foi que eles foram transformados e libertos, e não
através da quebra de maldição de família, algo que nunca fez parte de
seus escritos.
ARVORE GENEALÓGICA
Embora haja quem sugira às pessoas para que
desenhem árvores genealógicas a fim de facilitar a quebra das
maldições, tal prática não encontra apoio na Bíblia. É verdade que
encontramos genealogias nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, as quais
tinham a intenção de apresentar a linhagem de Jesus como o Messias de
Israel. Não há, depois disso, em todo o Novo Testamento, preocupação
com tal ensino. Ao contrário, o apóstolo Paulo até recomendou a Timóteo
e a Tito que não se envolvessem com esse assunto (1 Tm 1:4 e Tt 3:9).
Os mórmons, sim, na tentativa de resolver os problemas espirituais de
seus falecidos através do batismo pelos mortos (uma prática
antibíblíca), gastam muito tempo e dinheiro com genealogias,
contrariando assim as Escrituras Sagradas.
Há os que dizem que devemos pedir perdão pelos pecados de P. C. Farias
e de políticos acusados como corruptos. Outros estão sugerindo que, ao
se encontrar uma pessoa negra na rua, deve-se chegar a ela e pedir
perdão pelos pecados dos que promoveram a escravidão no Brasil. Há até
aqueles que afirmam que os carros roubados no Brasil e levados ao
Paraguai são uma maneira de Deus fazer os brasileiros pagarem aos
paraguaios pelo mal que lhes fizeram em guerras passadas. Que
absurdo!
Os que isto sugerem gostam de citar as orações de Esdras (capítulo
nove), Neemias (capítulo nove) e Daniel (capítulo nove), em que eles
fizeram confissão a Deus, citando os pecados de seus antepassados.
Sabemos que as bênçãos do antigo pacto eram condicionadas à obediência
do povo de Israel. Quando desobedecia, as maldições de Deus vinham
sobre ele. Esdras, Neemias e Daniel de fato reconheceram o pecado de
seus antepassados, mas pediram perdão pelos pecados do presente, da
geração atual. Embora seja possível alguém sofrer as consequências dos
pecados de terceiros, o mesmo não acontece com a culpa. A Palavra de
Deus não culpa ninguém pelos pecados dos outros. A Bíblia em nenhum
lugar ensina a interceder por quem já morreu, uma vez que após a morte
segue-se o juízo, não oração ou pedido de perdão pelos mortos (Hb
9:27).
É preciso lembrar ainda que, à luz da Bíblia, ninguém pode se
arrepender por outra pessoa. O arrependimento é algo pessoal, que se
faz diante de Deus. A ideia de que “temos que até interceder, pedir
perdão por pecados que aqueles antepassados cometeram, e quebrar os
pactos que fizeram”, contradiz a Palavra de Deus, que afirma: “Assim,
pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12).
PROVÉRBIOS
26:2
"Como
ao pássaro o vaguear, como à andorinha o voar, assim a maldição sem
causa não virá".
Eis aqui outro texto frequentemente mal usado pelos pregadores
da maldição de família. Allen P Ross comenta que era comum acreditar
que as bênçãos e as maldições tinham existência objetiva — uma vez
proferidas, produziam efeito. Ele acrescenta: “As Escrituras esclarecem
que o poder de amaldiçoar e de abençoar depende do poder daquele que
está por trás dele (por exemplo, Balaão não pôde amaldiçoar o que Deus
havia abençoado; Nm 22:38 e 23:8). Este provérbio realça a correção da
superstição. A Palavra do Senhor é poderosa porque é a Palavra do
Senhor — ele a cumprirá”. Nota-se então que não existe base para se
usar tal texto a fim de defender a transferência de maldições de
geração em geração.
Parte integrante do Livro: Evangélicos Em Crise -
Editora Mundo Cristão
Eu,acrescentaria estes textos da escritura sagrada os quais nos
garantem que Jesus já levou e pagou todos os nossos pecados!
Sepultados
com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de
Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
E, quando vós estáveis mortos nos
pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente
com ele, perdoando-vos todas as ofensas,
Havendo riscado a cédula que era contra
nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e
a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.
E, despojando os principados e
potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.
Colossenses 2:12-16
De maneira que cada um de nós dará conta de
si mesmo a Deus.
Romanos 14:12
Fiquem na paz no amor de Jesus
Paulo Freire
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Ola Paulo, gostei muito do texto...vou tentar acompanhar o blog...parabens!
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