O manual da Vida

O manual da Vida

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Edificando sua casa com Deus-penultima parte

A Reação De Davi
(7:18-29)
“Então, entrou o rei Davi na Casa do SENHOR, ficou perante ele e disse: Quem sou eu, SENHOR Deus, e qual é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui? Foi isso ainda pouco aos teus olhos, SENHOR Deus, de maneira que também falaste a respeito da casa de teu servo para tempos distantes; e isto é instrução para todos os homens, ó SENHOR Deus. Que mais ainda te poderá dizer Davi? Pois tu conheces bem a teu servo, ó SENHOR Deus. Por causa da tua palavra e segundo o teu coração, fizeste toda esta grandeza, dando-a a conhecer a teu servo. Portanto, grandíssimo és, ó SENHOR Deus, porque não há semelhante a ti, e não há outro Deus além de ti, segundo tudo o que nós mesmos temos ouvido. Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome e fazer a teu povo estas grandes e tremendas coisas, para a tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egito, desterrando as nações e seus deuses?Estabeleceste teu povo Israel por teu povo para sempre e tu, ó SENHOR, te fizeste o seu Deus. Agora, pois, ó SENHOR Deus, quanto a esta palavra que disseste acerca de teu servo e acerca da sua casa, confirma-a para sempre e faze como falaste. Seja para sempre engrandecido o teu nome, e diga-se: O SENHOR dos Exércitos é Deus sobre Israel; e a casa de Davi, teu servo, será estabelecida diante de ti. Pois tu, ó SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel, fizeste ao teu servo esta revelação, dizendo: Edificar-te-ei casa. Por isso, o teu servo se animou para fazer-te esta oração. Agora, pois, ó SENHOR Deus, tu mesmo és Deus, e as tuas palavras são verdade, e tens prometido a teu servo este bem. Sê, pois, agora, servido de abençoar a casa do teu servo, a fim de permanecer para sempre diante de ti, pois tu, ó SENHOR Deus, o disseste; e, com a tua bênção, será, para sempre, bendita a casa do teu servo.”
Precisamos atentar para o princípio da proporcionalidade neste capítulo. Dois versos são dedicados ao desejo expresso por Davi de edificar uma casa para Deus (1 e 2). Um é dedicado à resposta impensada de Natã (3). Os versos 4 a 17 registram a visão na qual Natã recebe a revelação de Deus e a transmite para Davi (14 versos no total). Os últimos 12 versos registram a reação de Davi a essa revelação. Agora a “casa” de Davi está em ordem. Agora ele vê as coisas do ponto de vista de Deus. Os versos finais do capítulo 7 são sua resposta à aliança davídica. O que quero dizer é que eles também fornecem um padrão para o nosso culto.
Os versos 18 a 21 são expressão da humildade reconquistada por Davi, da reorganização da sua auto-avaliação. Eis o tipo de auto-estima que deve caracterizar todos os cristãos, especialmente (mas não exclusivamente) no culto. No início do capítulo 7, Davi está meio cheio de si. Nos três primeiros versos, ele é chamado de “rei” três vezes. O verso 18 também se refere a ele como “rei”, mas apenas para destacar sua mudança de atitude do início do capítulo. Não há outra referência neste texto.
Será que Davi está impressionado com sua posição e poder, com ser rei? Será que ele pensa mais em termos daquilo que pode fazer para Deus do que daquilo que Deus tem feito e fará para ele? Bem, parece que sim, pelo menos por enquanto. Nos versos 18 a 21, em vez de encontrarmos três vezes a palavra “rei”, encontramos a palavra “servo”. Isso nos surpreende? É assim que Deus o chama no verso 5. Davi agora sente profundo respeito pelo fato de Deus tê-lo tomado, um homem sem nenhum status ou posição, e tê-lo feito rei de Israel. Deus também o relembrou disso por intermédio de Natã (ver versos 8 e 9). Davi vê sua posição e seu status como rei de Israel como resultado da graça soberana de Deus, não como reconhecimento de sua possível grandeza. É incrível como o orgulho e a arrogância distorcem nossa opinião. Não é de admirar que a humildade seja o ponto de partida, o pré-requisito, para a sabedoria (Provérbios 11:2; 15:33; 18:12; 22:4; 29:13).
Agora Davi está começando a andar com o pé direito. Ele se vê como realmente é aos olhos de Deus. Ele reconhece sua fraqueza, sua insignificância. Ele fica impressionado e maravilhado com o fato de Deus o ter escolhido para usá-lo. Ele não está ensoberbecido pelo seu poder como rei de Israel, mas humilhado pela consciência de que Deus o usa como Seu servo. E, nos versos 22 a 24, ele agradece a Deus e O louva pelo que Ele é, pelas obras maravilhosas que fez no passado em favor dele e de Israel. O verso 22 resume a auto-revelação de Deus no passado de Israel. Só Deus é Deus. Não há outro além Dele, não há Deus como Ele. Ele é Deus grande e temível. Isto está em harmonia com tudo o que ouviram Dele e a respeito Dele.
Deus fez grandes coisas para Davi, mas estas não são para ele. Deus agiu na vida dele e por meio dele para tornar possível o cumprimento de Suas promessas à nação de Israel. Os versos 23 e 24 recontam a grandeza de Deus relevada em Seus atos em benefício de Seu povo, Israel. Estes versos soam muito parecidos com as palavras ditas por Deus por intermédio de Moisés em Deuteronômio:
“Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o SENHOR, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?... Agora, pois, pergunta aos tempos passados, que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, desde uma extremidade do céu até à outra, se sucedeu jamais coisa tamanha como esta ou se se ouviu coisa como esta; ou se algum povo ouviu falar a voz de algum deus do meio do fogo, como tu a ouviste, ficando vivo; ou se um deus intentou ir tomar para si um povo do meio de outro povo, com provas, e com sinais, e com milagres, e com peleja, e com mão poderosa, e com braço estendido, e com grandes espantos, segundo tudo quanto o SENHOR, vosso Deus, vos fez no Egito, aos vossos olhos. A ti te foi mostrado para que soubesses que o SENHOR é Deus; nenhum outro há, senão ele. Dos céus te fez ouvir a sua voz, para te ensinar, e sobre a terra te mostrou o seu grande fogo, e do meio do fogo ouviste as suas palavras. Porquanto amou teus pais, e escolheu a sua descendência depois deles, e te tirou do Egito, ele mesmo presente e com a sua grande força, para lançar de diante de ti nações maiores e mais poderosas do que tu, para te introduzir na sua terra e ta dar por herança, como hoje se vê.” (Deuteronômio 4:7-8; 32-38)
Davi vê a si mesmo como Israel deveria se ver. Não foi por sua grandeza, por seu tamanho ou por seus méritos que Deus quis abençoá-los. Foi por Sua graça soberana, independentemente de obras ou méritos:
“Havendo-te, pois, o SENHOR, teu Deus, introduzido na terra que, sob juramento, prometeu a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, te daria, grandes e boas cidades, que tu não edificaste; e casas cheias de tudo o que é bom, casas que não encheste; e poços abertos, que não abriste; vinhais e olivais, que não plantaste; e, quando comeres e te fartares, guarda-te, para que não esqueças o SENHOR, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão. O SENHOR, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome, jurarás.” (Deuteronômio 6:10-13)
“Comerás, e te fartarás, e louvarás o SENHOR, teu Deus, pela boa terra que te deu. Guarda-te não te esqueças do SENHOR, teu Deus, não cumprindo os seus mandamentos, os seus juízos e os seus estatutos, que hoje te ordeno; para não suceder que, depois de teres comido e estiveres farto, depois de haveres edificado boas casas e morado nelas; depois de se multiplicarem os teus gados e os teus rebanhos, e se aumentar a tua prata e o teu ouro, e ser abundante tudo quanto tens, se eleve o teu coração, e te esqueças do SENHOR, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão, que te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões e de secura, em que não havia água; e te fez sair água da pederneira; que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheciam; para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem. Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas. Antes, te lembrarás do SENHOR, teu Deus, porque é ele o que te dá força para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança, que, sob juramento, prometeu a teus pais, como hoje se vê.” (Deuteronômio 8:10-18)
Davi cai na mesma armadilha contra a qual Deus prevenira Israel. Ele começa a tomar para si o crédito pelas coisas que Deus faz. Ele começa a achar que Deus precisa dele, em vez de adorá-lo como uma criatura dependente. Quando passa a ver a vida do ponto de vista de Deus, ele percebe como realmente ela é. Ele a vê como Israel deveria ver. Agora ele pensa claramente, por isso, reconhece que tanto ele quanto Israel são importantes devido a graça de Deus e nada mais. Por isso, Davi humildemente louva a Deus.
Nos versos 8 a 10, Deus relembra a Davi Suas bênçãos no passado. Nos versos 10 a 16, Ele promete dar a Davi e a Israel bênçãos ainda maiores no futuro. Nos versos 22 a 24, Davi O louva por Sua graça no passado. Agora, nos versos 25 a 29, ele suplica a Deus que faça como prometeu e, ao mesmo tempo, ele O adora e O louva pelas coisas que ainda fará. Davi compreende as promessas feitas por Deus na aliança que acaba de fazer com ele e as usa como fundamento para suas petições. Em resumo, Davi ora por aquilo que Deus lhe prometeu.
Davi não está apenas repetindo a promessa de Deus; ele a está colocando, e o seu cumprimento, na devida perspectiva. Ele estava errou ao pensar em termos de seus sucessos. Deus o relembra de que todos os seus aparentes sucessos foram dádivas graciosas de Sua mão (ver os versos 8 e 9). E, da mesma forma, as coisas prometidas para o futuro também são dádivas graciosas (ver os versos 10 a 16) pelas quais Ele deve ser louvado. Por isso, Davi suplica a Deus que cumpra essas promessas, não só para que o seu nome seja exaltado, mas para que o nome Dele seja magnificado (verso 26).
Por intermédio de Natã, Deus brandamente repreende Davi por sua arrogância em pensar que poderia edificar uma habitação mais adequada para Ele, que poderia avaliar melhor do que Ele a necessidade de alguém. Esse tipo de repreensão faz com que desejemos refrear a língua indefinidamente. Alguma vez você já disse algo muito estúpido, na presença de uma porção de gente? Se já, então conhece o desejo de nunca mais querer falar em público. Davi sente a mesma coisa, mas a promessa de Deus de uma casa eterna lhe dá coragem para pedir a Ele o seu exato cumprimento (verso 27).

A petição de Davi continua nos versos 28 e 29, onde ele relembra Deus de Sua promessa e Lhe pede que a cumpra. A confiança de Davi está em Deus, não em si mesmo. A presunçosa auto-confiança que o caracteriza nos versos iniciais deste capítulo já se foi, substituída por uma confiança humilde baseada nos feitos de Deus. Deus promete algo bom a Seu servo (não ao rei). A promessa é clara e feita por Deus. Qualquer promessa feita por Ele é coisa certa, por isso Davi Lhe pede que Ele a cumpra. Que a promessa seja cumprida pela bênção à casa de Davi, e que esta bênção venha do Deus de todas as bênçãos. Finalmente, Davi ora para que a bênção seja eterna. Tais bênçãos só podem vir de Deus.
Fiquem na paz e no amor de Jesus
Paulo Freire

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