VIsão E Revisão
ll Samuel
(7:4-7)
(7:4-7)
“Porém, naquela mesma noite, veio a
palavra do SENHOR a Natã, dizendo: Vai e dize a meu servo Davi: Assim diz o
SENHOR: Edificar-me-ás tu casa para minha habitação? Porque em casa nenhuma
habitei desde o dia em que fiz subir os filhos de Israel do Egito até ao dia de
hoje; mas tenho andado em tenda, em tabernáculo. Em todo lugar em que andei com
todos os filhos de Israel, falei, acaso, alguma palavra com qualquer das suas
tribos, a quem mandei apascentar o meu povo de Israel, dizendo: Por que não me
edificais uma casa de cedro?”
Lembro-me de que, anos atrás, fiz parte da
administração de uma pequena faculdade. Na verdade, eram duas escolas. Uma
delas era uma faculdade e a outra, um programa de recuperação escolar,
destinado a preparar jovens com deficiência educacional para o nível
universitário. Eu não fazia parte da faculdade, e sim desse programa. Certa
vez, quando a faculdade estava precisando de um professor, achei que tinha o
candidato perfeito. O problema era que o reitor já tinha feito sua escolha. Imprudentemente,
falei com o presidente das duas escolas e ele me incentivou a levar minha ideia
ao reitor. Não foi uma boa coisa. A resposta do reitor à minha sugestão me
pegou completamente desprevenido. “Senhor Deffinbaugh”, respondeu ele bem
irritado, “quem dirige esta escola, o senhor ou eu?” Epa! Fiz besteira. A
propósito, ele tinha razão. Minha ideia era apenas uma ideia, e não era eu quem
dirigia a escola.
Natã certamente poderia compartilhar da forma como
me senti naquele dia. No meio da noite, Deus lhe dá uma revelação direta, que
ele deve transmitir a Davi. De certa forma, isso coloca os dois no devido
lugar. Como eu, Davi tinha uma ideia brilhante, mas que não correspondia ao
plano de Deus. A pergunta que Deus faz a Davi dá o tom do que vem a seguir:
“Edificar-me-ás tu casa para minha habitação?” Epa! Gosto do jeito como Eugene
Peterson coloca esse ponto:
“Entretanto, há ocasiões em que,
depois de uma noite de oração, nossos planos mirabolantes para fazer algo para
Deus são vistos apenas como um grande espetáculo humano daquilo que Deus está
fazendo por nós. Foi isso o que Natã percebeu naquela noite: Deus lhe mostrou
que os planos de Davi interfeririam em Seus planos para ele.”
Antes de prosseguirmos, tenho que ressaltar alguns
detalhes importantes. Repare que os versos 1 a 3 se referem a Davi como rei, mas quando Deus se refere a ele, Ele o chama
de meuservo Davi (verso 5). Creio que posso sugerir
que Davi está um pouco consciente demais de sua posição como rei. Em relação ao
povo de Israel (e aos de fora a quem isso importa), Davi é a maior autoridade
do país. No entanto, em relação a Deus, ele é simplesmente um servo. Ele mora
num palácio e Deus numa tenda, pelo menos em sua cabeça. Até parece que ele
está querendo dar uma mãozinha para Deus. Seria a mesma coisa que eu, vestindo
um smoking, enviasse a Ross Perot (um dos homens mais ricos do mundo) um
vale-presente para que ele comprasse algumas roupas decentes. Creio que é por
isso que Deus vem colocar Davi no seu devido lugar, primeiro referindo-se a ele
como Seu servo, depois dizendo-lhe: “Quem é vocêpara edificar
uma casa para mim?”
Devemos observar ainda um outro detalhe, que é o
exato valor de um templo, em contraste com o tabernáculo, conforme ressaltado
por Estêvão em Atos 7:
“O tabernáculo do Testemunho estava
entre nossos pais no deserto, como determinara aquele que disse a Moisés que o
fizesse segundo o modelo que tinha visto. O qual também nossos pais, com Josué,
tendo-o recebido, o levaram, quando tomaram posse das nações que Deus expulsou
da presença deles, até aos dias de Davi. Este achou graça diante de Deus e lhe
suplicou a faculdade de prover morada para o Deus de Jacó. Mas foi Salomão quem
lhe edificou a casa. ENTRETANTO, NÃO HABITA O ALTÍSSIMO EM CASAS FEITAS POR
MÃOS HUMANAS; COMO DIZ O PROFETA: O CÉU É O MEU TRONO, E A TERRA, O ESTRADO DOS
MEUS PÉS; QUE CASA ME EDIFICAREIS, DIZ O SENHOR, OU QUAL É O LUGAR DO MEU
REPOUSO? NÃO FOI, PORVENTURA, A MINHA MÃO QUE FEZ TODAS ESTAS COISAS? (Atos
7:44-50)
Estêvão fora levado perante o Sinédrio sob
acusações forjadas, uma das quais era que ele falava contra o templo (Atos
6:13). Ele não negou a acusação feita por testemunhas falsas. Em vez disso, ele
se defendeu mostrando pelas Escrituras do Antigo Testamento que Deus não estava
tão impressionado com o templo quanto os judeus estavam. Ele argumentou que
Deus dera a Israel o tabernáculo, e que o templo fora ideia de Davi. Ele,
então, passou a mostrar que o Deus que criou todas as coisas certamente não
poderia ser confinado a uma habitação feita por mãos humanas. Em suma, Deus não
precisava de um templo, e Ele não o pediu. Ele permitiu que o filho de Davi o
construísse porque Davi o queria. Não era errado; simplesmente não era ideia
Sua. Deus não precisava de um templo e, para alguns, um templo transmitiria a
mensagem errada.
O livro de II Samuel 7 está
de acordo com o argumento de Estêvão. Nos versos 6 a 11a, Deus explica a Davi
porque não precisa de um templo feito por ele. A primeira razão está no verso 6
e pode ser resumida nestas palavras: “Se não está quebrado, não tente consertá-lo”. Pense
nisso. Por que comprar um carro novo se o carro atual está em perfeitas
condições? Quando Deus deu a lei a Moisés, Ele lhe disse como o tabernáculo
deveria ser construído. Durante a história de Israel, desde o monte Sinai até o
reinado de Davi, o tabernáculo funcionara sem nenhum problema. Deus esteve com
Seu povo enquanto a arca esteve no tabernáculo. E, quando o povo se mudou de um
lugar para outro, o tabernáculo e arca foram junto. Deus esteve com eles onde
quer que estivessem. Ele lhes deu a vitória sobre seus inimigos. Deu-lhes a
posse da terra prometida. A história de Israel dava testemunho do fato de que
nada havia para ser consertado; o tabernáculo prestou muito bem o seu serviço.
Se não está quebrado, não conserte!
No verso 7, Deus dá ainda outra razão para não
haver necessidade real de um templo: “Eu nãopedi um templo”. No monte Sinai, Deus deu a lei a Israel por
intermédio de Moisés e, nessa lei, Ele especificou como o tabernáculo deveria
ser construído, como deveria ser removido e quem deveria cuidar dele. Deus
ensinou aos israelitas como construir o tabernáculo; Ele nem mesmo lhes pediu
um templo. Se um templo fosse necessário, certamente Ele teria pedido um e,
desde que não pediu, devemos concluir que ele não era necessário.
Nos versos 8 a 11a Deus chega ao âmago da questão.
Gostaria que observassem quantas vezes o pronome “eu” é utilizado. A seção
claramente se concentra em Deus. Gosto da maneira como Peterson coloca a
questão:
“A mensagem que Natã transmite a Davi
é um verdadeiro recital daquilo que Deus já fez, está fazendo e ainda fará.
Deus é o sujeito em primeira pessoa de vinte e três verbos nesta mensagem, e
todos são verbos de ação. Davi, que só pensa naquilo que fará para Deus, agora
é submetido a uma exaustiva repetição de tudo o que Deus já fez, está fazendo e
ainda fará nele e por ele. O que antes parecia um empreendimento arrojado de
Davi para Deus, agora parece uma coisinha de nada.”
Será que Davi quer dar uma mãozinha para Deus,
edificando-Lhe uma casa melhor para habitar? Deus o relembra de Quem cuida de
quem. Será que Davi queria fazer algo grandioso, como edificar um templo para
Deus? A história o relembra (e a nós também) de que é sempre Deus quem nos
ajuda, e não nós a Ele. Davi, o servo de Deus, deve se lembrar de que foi o
Senhor que o tirou dos pastos, de detrás das ovelhas (não da frente), e o tornou
governante de todo Israel (verso 8). Deus esteve com ele onde quer que ele
estivesse, e foi Deus quem entregou seus inimigos em suas mãos, o que lhe
granjeou fama e reputação. É sempre Deus que vem em auxílio do homem, não o
homem que vai em socorro de Deus.
No verso 10 há uma mudança significativa no tempo
verbal. Os verbos anteriores estão no pretérito, referindo-se àquilo que Deus
fez no passado. Agora, no verso 10, os verbos estão no futuro. Depois de
mostrar a Davi tudo o que fez por ele e por Israel no passado, Deus continua,
dizendo algo assim: “Davi, meu servo, você ainda não viu nada. O melhor ainda está porvir.” Deus
promete preparar um lugar onde o Seu povo será plantado. Eles terão o seu
próprio lugar (da mesma maneira que Davi pretendia dar a Deus “o Seu próprio
lugar”) e habitarão em paz, pois os ímpios não mais os afligirão. Não será mais
como costumava ser desde a época dos juízes até o presente. Deus dará a Davi
descanso de seus inimigos. Ousaria Davi pensar que poderia fazer algo para Deus?
Foi Deus quem lhe deu tudo o que ele tinha e era Deus quem lhe daria ainda
muito mais.
Surge, então, uma pergunta: quando é que são
cumpridas estas promessas para Davi? É óbvio que aqui ainda não foram, pois são
expressas como uma realidade futura. Alguns podem pensar que seu cumprimento
esteja nos capítulos seguintes (8 a 10), quando Davi prevalece sobre todos os
inimigos que cercam Israel. Não creio que possamos ver sua total realização nos
dias de Davi; nem mesmo nos dias de seu filho Salomão. Creio que isso só
ocorrerá com a vinda do reino de Deus, quando o Senhor Jesus Cristo subjugar
todos os Seus inimigos e estabelecer o Seu reino sobre a terra. É no tempo
falado nos últimos capítulos do livro de Isaías. Estas promessas são dadas a
Davi aqui porque abrem caminho para a promessa que Deus irá cumprir nos versos
seguintes, ou seja, a edificação de uma “casa” para ele.
Não precisamos fazer nada para alcançar Deus, temos
que deixar ele edificar nossa vida,entregarmos nosso corpo em sacrifício vivo e
santo,para que ele nos transforme
Com o amor de Jesus
Paulo Freire..
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